MENSAGEM DO PERDÃO
Filho
meu, minha voz não despreza tuas pequeninas coisas de cada dia, mas delas se
eleva para as grandes coisas de todos os tempos.
Ama o trabalho, inclusive o trabalho material.
Coisa elevada e santa, o trabalho, presentemente, foi transformado em febre. De
que não se tem abusado entre vós? Que coisa ainda não foi desvirtuada pelo
homem? Em tudo vos excedeis e, por isso, ignorais o labor equilibrado, que tão
elevado conteúdo moral encerra: se busca o necessário ao corpo, ao mesmo tempo
contenta o espírito. E, no entanto, transformastes esse dom divino, com o qual
poderíeis plasmar o mundo à vossa imagem, em tormento insaciável de posse.
Substituístes a beleza do ato criador, completo em si mesmo, pela cobiça que
nunca descansa. Quantos esforços empregados para envenenar-vos a vida!
Ama o trabalho, mas com espírito novo; ama-o, não pelo que ele é
propriamente, porém, como um ato de adoração a Deus, como manifestação de
tua alma, nunca como febre de riqueza ou domínio. Não prendas tua alma aos
seus resultados, que pertencem à matéria e, portanto, sujeitos à caducidade;
ama, porém, o ato, somente o ato de trabalhar. Não seja a posse, o triunfo, a
tua recompensa, mas sim, a satisfação íntima de haveres cumprido, cada dia, o
teu dever, colaborando assim no funcionamento do grande organismo coletivo.
Esta é a única recompensa verdadeira, indestrutível, solidamente tua; as
demais depressa se dissipam e se perdem. Ainda que nenhum resultado positivo
obtivesses, uma recompensa ficaria contigo para sempre: a paz do coração, paz
que o mundo perdeu por prender-se às coisas concretas, julgando-as seguras.
Desapega-te de tudo, inclusive do fruto de teu trabalho, se queres entrar na
posse da paz. Ocupa-te das coisas da Terra, mas apenas o suficiente para
aprenderes a desapegar-te delas.
Toda construção deve localizar-se no teu espírito, deve ser construção de
qualidades e disposições da personalidade, e não edificação na matéria,
que é um remoinho de areia que nenhum sinal pode conservar.
Tudo o que quiserdes vos seja unido eternamente deve ser unido por qualidades e
merecimento, deve ser enlaçado pela força sutil da Lei, por vós movimentada,
nunca por vossa força exterior, ou por vínculos das convenções sociais ou
ainda por liames da matéria. Só nesse sentido se pode realmente possuir: de
outro modo, não obtereis senão a tristeza depois da ilusão e a consciência
posterior da inutilidade de vossos esforços.
Outro grande problema, que vos diz respeito, é o amor. Elevai-vos em amor, como
deveis elevar-vos em todas as coisas, se quereis encontrar profundas alegrias.
Martelai vossa alma, num íntimo trabalho de cada dia, que vos leva à conquista
de amores sempre mais extensos, únicos que têm a resistência das coisas
terrenas.
Sabes que o amor se eleva do humano ao divino e que nessa ascensão ele não se
destrói, mas se fortalece, aperfeiçoando e multiplicando-se. Segue-me e, então,
poderás entoar o cântico do amor:
"Meu
corpo tem fome e eu canto; meu corpo sofre e eu canto; minha vida é deserta e
eu canto; não há carícias para mim, porém todas as criaturas vêm a mim. Meu
irmão de mim se aproxima como inimigo, para prejudicar-me, e eu lhe abro os braços
em sinal de amor. Eu vos bendigo a todos vós que me trazeis dor, porque com ela
me trazeis a purificação, que me abre as portas do Céu. Minha dor é um cântico
que me faz subir. Louvado sejas, ó Senhor, pelo que é a maior maravilha da
vida; que as pobres intenções malignas de meu próximo sejam para mim a Tua Bênção
".
Estes
meus ensinamentos são dirigidos mais à vossa intuição que ao vosso
intelecto. Tem um sentido mais amplo o que vos tenho dito: a felicidade dos
outros é vossa única felicidade, verdadeira e firme. Significa extinção dos
egoísmos num amplexo universal de altruísmo. Tudo isso pode ser de fácil
compreensão, mas é difícil senti-lo. Não procuro vossa razão que discute,
antes busco essa visão interior que em vós opera, que sente por imediata
concepção, que enxerga com absoluta clareza e lealmente se entrega à ação.
Peço-vos o ímpeto que somente nasce do calor da fé e que nunca vem pelos
tortuosos caminhos do raciocínio. Não desejo erudição, pesquisas e vitórias
do intelecto; quero, antes, que vejais, num ato sintético de fé e que
imediatamente vivais vossa visão, e personifiqueis a idéia avistada, e
resplendais vós mesmos, em seu esplendor. Somente então a idéia viverá na
Terra e personificado em vós existirá um momento da concepção divina.
Não estou apelando para vossos conhecimentos nem para vosso intelecto, que não
são patrimônios de todos, mas venho até junto de vós por caminhos inabituais
e em vós penetro como um raio que desce às profundezas e dissipa as trevas,
que cintila e vos arrasta através de novas vias, com forças novas, que
levantarão o mundo como num turbilhão.
Também falarei, para ser entendido, a linguagem fria e cortante da razão e da
ciência, porém usarei, acima de tudo, da linguagem ardente e direta da fé.
Minha palavra será ora o brado de comando, ora a ternura de um beijo de mãe.
Para ser por todos compreendida, minha palavra percorrerá os extremos de
sabedoria e de singeleza, de força e de bondade. Será pranto de amargura e
remoinho de paixão; será nostálgico lamento, suspirando por uma grande pátria
distante, como será também ímpeto de ação para até ela conduzir-vos. Minha
palavra rolará, por vezes, como regato sussurrante em verde campina, a
trazer-vos o frescor das coisas puras; outras vezes trovejará com os elementos
enfurecidos na fúria da tempestade.
Ao seio de cada alma quero descer e adaptar-me a fim de ser compreendido; para
cada uma devo encontrar uma palavra que a penetre no mais íntimo, que a abale,
que a inflame e a arroje para o alto, onde eu estou, que até junto de mim a
conduza, onde eu a espero.
Almas, almas eu peço. Para conquistá-las vim das profundezas do infinito, onde
não existe espaço nem tempo, vim oferecer-vos meu abraço, vim de novo
dizer-vos a palavra da ressurreição, para elevar-vos até mim, para
indicar-vos um caminho mais elevado onde encontrareis as alegrias puras.
Vós vos identificastes de tal modo com a vida física que já não podeis
sentir senão uma vida limitada como a do vosso corpo. Pobre vida, rápida e
cheia de incertezas, enclausurada nas limitações de vossos pobres sentidos.
Pobre vida, encerrada num ataúde, na sepultura que é o corpo a que tanto vos
agarrais. Minha voz encerrará todos os extremos de vossas diferentes
psicologias. Escutai-me!
Não vos ensino a gozar das coisas terrenas, porque são ilusórias; indico-vos
as alegrias do céu, porque somente estas são verdadeiras. Minha verdade não
é a fácil verdade do mundo; não vos prometo alegrias sem esforços, mas minha
promessa não vos ilude. Meu caminho é caminho de dor, porém, eu vos digo que
somente ele vos conduzirá à liberação e à redenção. Minha estrada é de
luta e de espinhos, mas vos fará ressurgir em mim, que vos saciarei para
sempre. Não vos digo: " Gozai , gozai ", como o mundo vos fala. O
mundo, porém, vos engana, eu não vos enganaria nunca.
Minha verdade é áspera e nua, contudo é a verdade. Peço o vosso esforço,
mas dou a felicidade. Digo-vos: " Sofrei ", mas junto de vós estarei
no momento da dor; com piedade maternal, velarei por vós; medindo todo o vosso
esforço, proporcionarei as provas segundo vossa capacidade; finalmente, farei o
que o mundo não faz: enxugarei vossas lágrimas.
O mundo parece espargir rosas, mas na verdade distribui espinhos; eu vos ofereço
espinhos, porém vos ajudarei a colher rosas.
Segui-me, que o exemplo já vos dei. Levantai-vos, ó homens: é chegado o
momento. Não venho para trazer guerra, mas, sim, paz. Não venho trazer dissensão
às vossas idéias nem às vossas crenças: venho fecundá-las com meu espírito,
unificá-las na minha luz.
Não venho para destruir e sim para edificar. O que é inútil morrerá por si
mesmo, sem que eu vos dê exemplo de agressividade.
Desejaríeis sempre agredir, até mesmo em nome de Deus. Com que grande avidez
ansiais por discussões e lutas contra vossos próprios irmãos, prontos a
profanar, assim, minha pura palavra de bondade. Repito-vos: " Amai-vos uns
aos outros ". Não discutais, mas dai o exemplo de virtude na dor, amai
vosso próximo; aprendei a estar sempre prontos para prestar um auxílio, em
qualquer parte onde haja um padecimento a aliviar, uma carícia a oferecer.
Vossas eruditas investigações tornaram tão ásperas vossas almas que não vos
permitiram avançar um só passo para o Céu.
Não venho para agredir, mas para ajudar; não para dividir, mas unir; não
demolir, mas edificar. Minha palavra busca a bondade, antes que a sabedoria.
Minha voz a todos se dirige. Ela é ampla como o universo, solene como o
infinito. Descerá aos vossos corações, às vezes com a doçura de um carinho,
outras vezes arrasadora como o tufão.
*
* *
Do
alto e de muito longe venho até vós. Não podeis perceber quão longo é o
caminho que nós, puro pensamento, devemos percorrer a fim de superar a imensa
distância espiritual que nos separa de vós, imersos na terra lodosa. Vossas
distâncias psicológicas são maiores e mais difíceis de serem vencidas que as
distâncias de espaço e tempo. Por isso, às vezes, chego fatigado. Minha
fadiga, porém, não é cansaço físico: provém apenas do desalento que me
nasce de vossa incompreensão. E, no entanto, minha palavra tem a doçura da
eternidade e do infinito. Tem a tonalidade tão ampla como jamais possuiu a voz
humana: deveríeis, por isso, reconhecer-me.
Venho a vós cheio de amor e de bondade, e me repelis. Eu, que vejo os limites
da história de vosso planeta; eu, que num rápido olhar, vejo sem esforço toda
a laboriosa ascensão desta humanidade cujo pai sou; eu me faço pequenino hoje,
limito-me e me encerro num átimo de vosso momento histórico para que possais
compreender-me.
Se vos falasse com minha voz potente, não me entenderíeis. Meu olhar contempla
a Terra, quando o homem ainda não a habitava e também a vê no futuro
distante, morta, a navegar no espaço como um ataúde de todas as vossas
grandezas. Vejo vosso sol moribundo, depois morto e em seguida chamado a uma
nova vida. Vejo, além desse átomo que é o vosso planeta, uma poeira de astros
a revolutearem sem cessar pelos espaços infinitos, e todos eles transportando
consigo humanidades que lutam, sofrem, vencem e se elevam. Tudo vejo, tudo leio
nos vossos corações como nos corações de todos os seres.
Além do vosso universo físico, vejo um maior universo moral, onde as almas, na
sua laboriosa ascensão, cumprindo seu diuturno esforço de purificação para o
Alto, cantam o mais glorioso hino à Divindade. Esplendorosa luz existe no
centro moral do universo, luz que atrai todos os seres por uma força de gravitação
moral mais poderosa do que aquela que mantém associadas no espaço as grandes
massas planetárias e estelares. Tudo vejo, mas nada falo para não vos
perturbar. T udo vejo e minha mão possante firma o destino dos mundos. Poderia
mudar o curso dos astros, mas nós somos lei, ordem e equilíbrio e não
aprovamos violações. Empunho o destino dos povos e, no entanto, venho
humildemente até vós, para entre vós colher o perfume que se desprenda de uma
alma simples. Esse é meu único conforto, quando desço ao vosso mundo, às
camadas profundas e obscuras de matéria densa, formadas de coisas baixas e
repugnantes. Aquele perfume parece perder-se na vossa atmosfera carregada de
emanações perniciosas, como que vencido pelas forças envolventes do mal. Eu o
percebo, no entanto, elegendo-o, e recolho como se guarda uma jóia humilde e
gentil, desabrochada na lama, e a guardo em meu coração, onde ela repousará. É
o único carinho que encontro em vosso mundo, o único hino, puro e singelo, que
me faz descansar. Como a criancinha repousa aos cânticos de sua mãe, que lhe
parecem os mais belos, assim me acalento, invadido por infinita doçura, no seio
dessas vozes humildes dispersas em vosso mundo.
Essa é a única trégua em meio ao trabalho de iluminar e guiar-vos, ó homens
rebeldes, que acreditais dominar e sois dominados, que pensais subir, mas, na
verdade, desceis. Eu poderia, contudo, atemorizar-vos por de prodígios,
aterrorizar-vos com cataclismos. Convencer-vos-ia, no entanto? Minha mão se
levanta sobre vós, que sois maus, como uma bênção, nunca para vinganças.
Escutai com atenção esta grande palavra: desejo que o equilíbrio, violado
pela vossa maldade, se restabeleça pelos caminhos do amor e não pelo castigo.
Compreendeis a grande diferença? Eis as razões da minha intervenção, da
minha presença entre vós.
A Lei quer o equilíbrio. É a Lei. Vós a
desrespeitastes com vossas culpas, ultrajando assim a Divindade. O equilíbrio
"deve" restabelecer-se, a reação "deve" verificar-se, o
efeito "deve" acompanhar a causa, por vós livremente buscada.
Deus vos quer livres, já o sabeis. Pois bem, eu venho para que o equilíbrio se
restabeleça pelos caminhos do amor e da compreensão; venho para incitar-vos,
com palavras de fogo, ao entendimento, estimular-vos a retomar livremente a via
da redenção; finalmente, venho ensinar-vos a fazer de vossa liberdade um uso
que vos eleve e salve, e não que vos rebaixe e condene. Venho tornar-vos
conscientes dessa Lei que vos guia e da maneira de restaurardes a ordem violada,
a fim de que essa violação não venha a recair sobre vós, como tremendo
choque de retorno que destruirá vossa civilização.
Venho para salvar-vos, para salvar o que de melhor possuís, o que os séculos têm
acumulado, ao preço de muitas dores e de muito sangue.
Entre a necessidade férrea da Lei que, inexoravelmente, volve ao equilíbrio,
interponho hoje o meu amor e a minha luz, como já interpus a minha dor e o meu
martírio!
Homens, tremei! É supremo o
momento. É
por motivos supremos que do Alto desço até vós. Escutai-me: o mundo será
dividido entre aqueles que me compreendem e me seguem e aqueles que não me
compreendem e não me seguem. Ai destes últimos! Os primeiros encontrarão
asilo seguro em meu coração e serão salvos; sobre os outros a Lei, não mais
compensada pelo meu amor, descerá inexoravelmente e eles serão arrastados por
um vendaval sem nome para trevas indescritíveis.
Não vos iludais: reconhecei a minha voz. Reconhecei-a pela sua imensa
tonalidade, pela sua bondade sem fronteiras. Algum homem, porventura, já falou
assim? Falo-vos de coisas singelas e elevadas, de coisas boas e terríveis. Sou
a síntese de todas as Verdades.
Não me oponhais barreiras de vossas almas, mas escutai, ponderai, deixai que
este raio de luz que vem de Deus desça à vossa consciência e a ilumine. Eu
vo-lo rogo, humilhando-me em vossa presença; humildemente, para vossa salvação,
eu vos suplico: escutai a minha voz!
Que sobre vós desça a paz. A paz! A paz que não mais conheceis venha sobre
vossas almas! Entre vós e a divina justiça está minha oração: "Deus,
perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem".
Pobres seres perdidos na escuridão das paixões; pobres seres que tomais por
luz verdadeira o ouropel fascinador das coisas falsas da Terra! Pobres seres,
maus e perversos! E, no entanto, sois meus filhos e por amor de vós de novo
subiria à cruz para vos salvar. Pobres seres que, numa vitória efêmera de matéria,
que chamais civilização, haveis perdido completamente o único repouso do coração
— a minha paz.
Escutai-me. Falo-vos com amor, imenso amor. Fui por vós insultado e
crucificado, e vos perdoei; perdôo-vos ainda e ainda vos amo. Trago-vos a paz.
Até junto de vós retorno para falar-vos de uma ciência que a vossa não
conhece, para pronunciar-vos a palavra que nenhum homem sabe falar, palavra que
vos saciará para sempre. Escutai-me.
Minha voz conduzirá vosso coração a um êxtase que nenhuma vitória material,
que nenhuma grandeza do mundo jamais vos poderá dar.
Como um clarão intuitivo, minha luz espargirá sobre vós uma compreensão a
que os laboriosos processos de vossa razão não chegarão jamais. A razão,
filha do raciocínio, discute e calcula, mas eu sou o clarão que em vós se
acende e pode, num átimo, transformar-vos em heróis. Aceitai, suplico-vos,
este supremo dom que vos ofereço e pelo qual vim de tão longe até junto de vós:
aceitai esta dádiva esplêndida, que é a minha paz. É
a bem-aventurança do céu, que vos trago de mãos cheias; é a felicidade que
coisa alguma terrena jamais vos poderá dar. Reconhecei a minha paz! Para recebê-la,
abri todas as portas de vossa alma! Dela saciai-vos, com ela inebriai-vos! É um dom imenso
que vos trago do seio de Deus, é uma graça com que o meu imenso Amor
recompensa a vossa ingratidão.
Até vós eu venho, trazendo os mais lindos dons, para derramar sobre vossas
almas a verdadeira felicidade. Venho para suavizar a Justiça Divina. Fiz longa
e fatigante viagem, do meu Céu radioso às vossas trevas. Vim espontaneamente,
pelo amor que vos consagro. Não renoveis as torturas do Getsêmani, as angústias
da incompreensão humana, os tormentos de um imenso amor repelido.
Quem sou eu? - perguntais-me.
Sou
o calor do sol matinal que vela o desabrochar da florzinha que ninguém vê; sou
o equilíbrio que, na variação alternadora dos elementos, a todos garante a
vida. Sou o pranto da alma quebrantada, em que desabrocha a primeira visão do
divino. Sou o equilíbrio que, nas mudanças dos acontecimentos morais, a todos
promete salvação. Sou o rei do mundo físico de vossa ciência; sou o rei do
mundo moral que não vedes.
Sempre me procurais, em toda a parte. Sempre mais profundamente vos escapo, de
fibra em fibra, nas vossas mesas de anatomia, de molécula em molécula nos
vossos laboratórios. Vós me procurais, dilacerando e dissecando a pobre matéria:
mas eu sou espírito e animo todas as coisas. Não com os olhos e os
instrumentos materiais, mas somente com os olhos e os instrumentos do espírito
podereis encontrar-me.
Sou
o sorriso da criança e a carícia materna; sou o gemido daquele que corre
implorando salvação; sou o calor do primeiro raio de sol da primavera, que
traz a vida e sou o vendaval que traz a morte; sou a beleza evanescente do
momento que foge; sou a eterna harmonia do universo.
Sou
Amor, sou Força, sou Idéia, sou Espírito que tudo vivifica e está sempre
presente. Sou a Lei que governa o organismo do universo com maravilhoso equilíbrio.
Sou a Força irresistível que impulsiona todos os seres para a ascensão. Sou o
cântico imenso que a criação entoa ao Criador.
Tudo
sou e tudo compreendo, até o mal, porquanto o envolvo e o limito aos fins do
bem. Meu dedo escreve, na eternidade e no infinito, a história de miríades de
mundos e vidas, traçando o caminho ascensional dos seres que para mim se
voltam, seres que atraio com meu Amor e que recolherei na minha luz.
Muitos
mundos já vi antes do vosso, muitos verei depois dele. Vossas grandes visões
apocalípticas para mim são pequeninas encrespaduras nas dimensões do tempo.
Virei, entre raios de tempestade, para dobrar os orgulhosos e elevar os
humildes. Virei vitorioso na minha glória e no meu poder, triunfante do mal,
que será rechaçado para as trevas.
Tremei, porque quando eu já não for o Amor que perdoa e vos protege, serei o
turbilhão que forma tempestades, serei o desencadear dos elementos sem peias,
serei a Lei que, não mais dominada pela minha vontade, trazendo consigo a ruína,
inexoravelmente explodirá sobre vós.
Tudo é conexo no universo; causas físicas e efeitos morais, causas morais e
efeitos físicos. Um organismo compressor vos envolve e nele estais presos em
cada ato vosso.
Minha poderosa mão firma o destino dos mundos e, no entanto, sabe descer até a
mais humilde criancinha para lhe suster, carinhosamente, o pranto. Essa é minha
verdadeira grandeza.
Ó vós que me admirais, tímidos, no ímpeto da tempestade, admirai-me, antes,
no poder que tenho de fazer-me humilde para vós, no saber descer do meu elevado
reino à vossa treva; admirai-me nessa força imensa que possuo de constranger
meu poder a uma fraqueza que me torna semelhante a vós.
Não vos peço que compreendais meu poder, que me situa longe de vós; rogo-vos
que compreendais o meu amor que me assemelha a vós e me coloca ao vosso lado.
Meu poder poderá desalentar-vos e atemorizar-vos, dando-vos de mim uma idéia não
justa, a de um senhor vingativo e despótico. Não quero vossa obediência por
temor. Agora deve despontar uma nova aurora de consciência e de amor. Deveis
elevar-vos a uma lei mais alta e eu retorno hoje para anunciar-vos a boa nova. Não
sou um senhor vingativo e tirânico, como outrora, por necessidade, me supuseram
os povos antigos; sou o vosso amigo e é com palavras de bondade que me dirijo
ao vosso coração e à vossa razão.
Não mais deveis temer, mas, sim, compreender. Vossa razão infantil já acordou
e nela venho lançar minha luz. Sou síntese de verdade e em toda a parte ela
surgirá, atingindo a luz da vossa inteligência.
Não trago combates, mas paz. Não trago divisões de consciência e, sim, união
de pensamentos e de espíritos.
A humanidade terrestre aproxima-se de sua unificação, numa nova consciência
espiritual. Não vos insulteis, pois; antes, compreendei-vos uns aos outros. Que
cada um concorra com o seu grãozinho para a grande fé e que esta vos torne
todos irmãos. Que a religião, que é revelação minha, e a ciência, que é o
vosso esforço e todas as vossas intuições pessoais se unam estreitamente numa
grande Síntese, e seja esta uma síntese de verdade.
Porque
eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida.
GRANDES MENSAGENS
- PIETRO
UBALDI
(
2 de agosto de 1932, dia do " Perdão da Porciúncula " de São
Francisco )
http://orbita.starmedia.com/~ubaldi/gmsg-dwn.html
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