O CAMINHO

 

Tropeiro paulista atravessando um rio, 1827: desenho de Charles Landseer (Iconografia Paulistana do Séc. XIX, 1998, Metalivros/BMeF, SP/SP)

 

Um dia, um bezerro precisou atravessar a floresta virgem para voltar a seu pasto. Sendo animal irracional, abriu uma trilha tortuosa, cheia de curvas, subindo e descendo colinas... No dia seguinte, um cão que passava por ali, usou essa mesma trilha torta para atravessar a floresta.

Depois foi a vez de um carneiro, líder de um rebanho, que fez seus companheiros seguirem pela trilha torta.

Mais tarde, os homens começaram a usar esse caminho:entravam e saiam, viravam à direita, à esquerda, abaixando-se, desviando-se de obstáculos, reclamando e praguejando, até com um pouco de razão... Mas não faziam nada para mudar a trilha.

Depois de tanto uso, a trilha acabou virando uma estradinha onde os pobres animais se cansavam sob cargas pesadas, sendo obrigados a percorrer em três horas uma distância que poderia ser vencida em, no máximo, uma hora, caso a trilha não tivesse sido aberta por um bezerro.

Muitos anos se passaram e a estradinha tornou-se a rua principal de um vilarejo, e posteriormente, a avenida principal de uma cidade. Logo, a avenida transformou-se no centro de uma grande metrópole, e por ela passaram a transitar, diariamente, milhares de pessoas inexperientes, seguindo a mesma trilha torta feita pelo bezerro, centenas de anos antes.

Muitos homens têm a tendência de seguir como cegos por trilhas feitas por pessoas inexperientes e se esforçam, de sol a sol, para repetir o que os outros já fizeram.

Contudo, a velha e sábia floresta ria daquelas pessoas que percorriam aquela trilha, como se fosse um caminho único, sem nunca se atrever a mudá-lo.
 

 

“Nunca ande apenas pelo caminho traçado, pois ele conduz, somente, até onde os outros foram”.

Alexander Graham Bell

 

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