SIGAM O INTELECTO, NÃO A MENTE
Ó homem tolo, por que buscas Deus no exterior como o ignorante almiscareiro?
Como a fragrância está no interior da flor, se olhares em teu interior verás que
Deus está bem dentro de ti.
Manifestações do Amor Divino! O mesmo homem desempenha vários papéis na família
e na sociedade: o papel de esposo, de pai, de filho, de patrão ou de empregado,
de acordo com seus relacionamentos físicos, atitudes mentais, inclinações e
outras circunstâncias.
Assim, sente imenso amor pela filha, mas não pela nora. Não tem pelo genro a
mesma afeição que tem pelo filho. Não se apega à mãe da mesma forma que à
esposa. E qual a razão de tais diferenças baseadas em relacionamentos físicos
transitórios, dando origem a uma série de atrações e aversões, simpatias e
antipatias, tristezas e alegrias?
A mente do homem está sujeita a cinco tipos de distorções ou complexos:
1. Complexo da Ignorância
Devido a concepções limitantes e estreitas, tais como os pensamentos: “eu sou
este corpo”, “eu sou uma alma individual separada” e “eu sou separado e
diferente de Deus”, o homem se torna vítima de diversas aflições. Este complexo
da ignorância avilta a condição humana e acarreta uma série de tristezas.
2. Complexo do Apego
A mente é a morada de muitos desejos, angústias, simpatias, antipatias, apegos e
aversões. Mas apesar de saber que ela é a causa do apego à existência
migratória, o ciclo de nascimentos e mortes denominado samsara, acompanhado de
seu séqüito de misérias, o homem é incapaz de se desapegar dela e de controlar
seus caprichos, a fim de escapar da dor e do sofrimento. A isto se denomina o
“complexo do apego”.
3. Complexo da Oscilação
O mundo está cheio dos mais variados objetos sensoriais. Isto leva as pessoas de
mente fraca a vaguearem de um objeto a outro, sem perceberem que estes acabarão
por transformar-se em venenos que os privarão de todo senso de discernimento e
equilíbrio. Em conseqüência disso, o homem mergulha em sofrimentos intermináveis
através de suas existências. Este complexo da oscilação é ocasionado por falta
de firmeza mental.
4. Complexo da Ambição
Sob a ilusão de que o objetivo da vida é adquirir ouro, riqueza, carros, mansões
e outras coisas do gênero, o homem trabalha incessantemente de manhã à noite,
com o intuito de obter e acumular posses que ultrapassam suas necessidades.
Nesse processo negligencia, inclusive, a alimentação e o sono, pondo assim em
risco a própria saúde. Apesar de saber que tais posses são temporárias, ainda
assim o homem polui a mente com sua excessiva cobiça, tornando-se vítima de
incontáveis dores e sofrimentos. Isto se denomina “complexo da ambição”.
5. Complexo do Ódio
Visando suas próprias finalidades egoístas, o homem envereda por um labirinto de
intermináveis desejos de diversos tipos. Quando estes não se realizam, ele,
irracionalmente põe a culpa em outras pessoas ou no próprio Deus, desenvolvendo
ódio contra ambos.
Todos esses complexos não passam de aberrações mentais que prejudicam o próprio
homem. Ao tornar-se vítima delas ele esquece sua verdadeira natureza Átmica e
torna-se alvo de sofrimentos e misérias. Neste mundo, são raras as pessoas que
sentem permanente bem-aventurança. A grande maioria oscila entre a alegria e a
tristeza. Algumas estão sempre tristes e deprimidas, sem jamais ter
experimentado a bem-aventurança, ainda que uma única vez! Existem outras ainda
que não se importam com nada e levam uma vida mecânica, à semelhança dos
animais.
Qual é a razão desse estado de coisas?
Não é culpa da Natureza, mas das diversas maneiras pelas quais o homem se deixa
influenciar pela própria mente.
De acordo com sua predisposição mental, os seres humanos podem ser classificados
nas quatro categorias seguintes:
A) HOMEM DIVINO
“ Brahman Nishta Ratho Devah” - é o que se diz. Isto significa que a pessoa
Divina é aquela que desfruta da comunhão com o Absoluto e está sempre imersa
n’Ele, dedicando-Lhe todas as suas ações e considerando alegremente todas as
coisas como manifestações de Deus. Ela encontra plenitude em sua vida.
B) HOMEM HUMANO
“ Sathya Dharma Ratho Marthyaha” - significa que este homem se compraz na
verdade e na retidão, tendo fé na declaração das Escrituras: “Falem a verdade e
pratiquem a retidão”. Ele conduz sua vida segundo os princípios gêmeos da
verdade e da retidão e considera o dever e a responsabilidade mais importantes
que direitos ou privilégios. Possui virtudes como a bondade, a compaixão, a
generosidade, a caridade e a tolerância. Em suma, o homem humano leva a vida
pacífica de um chefe de família.
C) HOMEM DEMONÍACO
“Madhyapana Ratho Danavaha” - um demônio é aquele que se compraz em tomar
bebidas alcoólicas e passa o tempo em atividades tamásicas, ou seja, comendo,
bebendo, dormindo etc.. Preocupa-se apenas com seus próprios interesses e
prazeres egoístas e jamais com a felicidade alheia. A bondade e a compaixão não
existem para ele, que não apresenta um único vestígio de discernimento e de
equilíbrio. Sua natureza consiste em menosprezar, maltratar e ferir o próximo.
E, o que é pior, a simples visão de homens santos e elevados lhe desperta
sentimentos de inveja e de ódio. Uma pessoa com a mente cheia de tais
pensamentos e sentimentos malignos é considerada um homem demoníaco.
D) HOMEM ANIMALESCO
Esse tipo de homem desperdiça a vida buscando desde o seu nascimento até a
morte, unicamente prazeres sensórios. Nesse sentido, ele é pior que os animais,
pois estes, pelo menos, são governados pelo instinto, ao passo que não existe
justificativa de espécie alguma para o homem embrutecido que não exerce nenhum
controle sobre suas crescentes qualidades maléficas.
A mente é a origem de todas essas perversidades e complexos. Porém, se ela for
devidamente compreendida, disciplinada e usada para eliminar as más qualidades
provenientes do egoísmo, conduzirá a uma vida significativa e profícua, pois é
basicamente devido a pensamentos egoístas que o homem fracassa em alcançar o
objetivo da vida humana.
Antes de tudo, deve-se ter fé inabalável na Divindade inerente do homem e
perceber, de um lado, o mundo da manifestação, que atrai a atenção do corpo e
dos sentidos, seduzindo a mente, e do outro, a Divindade imanifesta, que é o
substrato do universo manifesto. Ambos são aspectos do Princípio Divino
possuidor de existência, consciência e bem-aventurança.
Discurso de Sathya Sai Baba
Fonte: Publicação em
Português: Divinas Mensagens - Vol. 1 - 12/2000
Publicação Original: Sanathana Sarathi - Vol. 36 - Número 10 - 10/1993
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