Desde a antiguidade, os deuses não gostam de seres mesquinhos; entendem-se melhor com aqueles de visão mais ampla como, por exemplo, os místicos ou as pessoas puras do campo e, logicamente, com as crianças.

Por que?

Pense nisto: se somos feitos à sua imagem e semelhança, quem é mais apaixonado, criativo e curioso que o próprio Deus? Deus não usa meias tintas. Por que iria querer, então, que seus filhos fossem medrosos, medíocres e aborrecidos? Os monges, com todo pudor e respeito, sabem disso e lhe falam no mesmo idioma: a paixão!  Este é o meu ensinamento sobre a oração: a posição das suas mãos, a postura do seu corpo, a vela acesa, o olhar, a intensidade ao pronunciar cada palavra – estas são as chaves. A oração de poder é forte, intensa e concentrada. Se não for feita assim, é perda de tempo.. Não se pode pedir e abençoar com os lábios se o coração estiver distante. Eu tenho visto hesicastas suplicarem uma graça com os gemidos de crianças pequenas, prostradas, exigindo atenção e consolo. Eu os tenho visto também levantados, em pé, olhando para o céu, aristocráticos como príncipes de sabe-se qual reino fantástico, sussurrando um desejo ardente da alma, certos de serem escutados. Eu os vi imóveis como as chamas das velas na caverna, em posição de lótus, murmurando as orações com voz pausada e saboreando cada palavra.

Aprenda a pedir.


 

“Conspiração Secreta – Os sagrados rituais da alquimia” – Hania Czajkowski

 

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