AGNI,
O FOGO SAGRADO
As
salamandras que vivem nas chamas, são elementais superiores aos gnomos, ondinas
e sílfides, porque estas últimas vivem no âmbito terrestre, enquanto que as
primeiras possuem consciência superior.
Porfírio diz: "Existe na Divindade uma insondável profundeza
ardente. O coração humano jamais deverá temer o contato desse Fogo adorável,
porquanto não será por Ele destruído."
Ele
é o doce Fogo, cujo feliz e tranqüilo calor determina o encadeamento das
causas, a Harmonia e vital continuidade do mundo. Nada existe que não seja por
Ele alimentado pois é Ele a própria Essência Divina. Ninguém o gerou. É sem
Pai nem Mãe... nem causa alguma. Mas, tudo sabe e Nada lhe pode ser ensinado.
É imutável nos seus desígnios e seu Nome é inefável. Eis aqui o que é
Deus. Nós, míseros mensageiros seus, nada mais somos do que uma partícula
Sua.
A antiguidade sábia, por sua vez, já nos ensinava: do mesmo modo que um fogo
violento queima até as árvores verdes, o homem que estuda, compreende os
livros santos, apaga em si toda mácula nascida do pecado. E aquele que conhece
perfeitamente o sentido de Veda-Shastra - os ensinamentos da Lei, qualquer que
seja sua condição, prepara-se, durante o seu estudo neste mundo, para a
identificação com BRAHMÃ (liberação). Os que muito estudaram, valem mais do
que os que pouco leram. Os que possuem tudo quanto leram, são preferíveis aos
que leram e logo esqueceram. Os que compreenderam, possuem mais mérito do que
aqueles que sabem simplesmente o que decoraram. Os que cumprem com o dever, uma
vez este conhecido, são preferíveis aos que simplesmente o conhecem, mas não
o praticam. O conhecimento da Alma Suprema e a devoção para com Ela, são os
melhores métodos para se chegar à Felicidade Suprema da liberação. Com a
devoção, resgata as suas faltas; com o Conhecimento de Brahmã, consegue a
Imortalidade. Aquele que procura adquirir conhecimento efetivo de seus deveres,
possui três categorias de provas: a evidência intuitiva, o raciocínio
discursivo e a autoridade dos diferentes livros deduzidos das Santas Escrituras.
Ainda mais: o discípulo concentrando a atenção em tudo isso, alcança o
"perceber" a Alma Divina em todas as coisas, visíveis e invisiveis.
Pois, considerando a Alma Divina em tudo, e reciprocamente, tudo na Alma Divina,
não entrega o espírito à iniquidade. A Alma Suprema, é, com efeito, a SÍNTESE
de todos os deuses e aquilo que pulsa no íntimo de quantos atos realizaram
todos os seres animados. Que o discípulo contemple, em suas meditações, o éter
sutil que inunda todas as cavidades de seu coração; o ar que atua em seus músculos
e nervos, a Suprema Luz do Sol e do Fogo, em seu calor digestivo e em seus órgãos
visuais; a Água, nos fluídos de seu corpo; a Terra, em todo seu corpo. Veja,
também, a Lua (Indu) em seu coração; os Gênios das 8 regiões do Espaço, no
órgão de seu ouvido; Hara, em sua força muscular, Agni, em sua palavra, Mitra
em sua faculdade excretória, Pradjápati, em seu poder gerador. Acima de tudo,
porém, deve representar ao Grande Ser (Para-Purusha) como o Soberano Animador
do Universo. Mais sutil do que o Átomo, mais brilhante que o ouro, mais puro e
único capaz de ser concebido pelo Espírito, no Sono da mais abstrata contemplação.
Uns adoram a Para-Purusha, no Fogo Elemental. Outros, no Manu, senhor de todas
as criaturas; outros, em Indra; outros em Vayu e Tejas; outros, no eterno Brahmã.
Porém, este Soberano Senhor é aquele que, ao desenvolver todos os seres com um
corpo formado de cinco elementos, os faz, sucessivamente, passar do nascimento
ao crescimento; do crescimento à dissolução, com movimento semelhante ao de
uma Roda que gira. Por isso o homem que reconhece a sua própria Alma na Suprema
Alma Universal, presente em tudo e em todos, mostra-se igual perante todos e
tudo, e alcança a mais feliz das sortes: a de ser finalmente absorvido no Seio
de Brahmã.
Por mais difícil que isso tudo vos pareça, o fato é que não é impossível.
Como nos antigos Códigos Iniciáticos, no nosso, o método é posto em execução.
Mesmo porque, sendo a sua Missão a de preparar uma Nova Civilização portadora
de melhores dias para o mundo, é seu dever formar o Homem Integral, que desde já
sirva de Arauto àquela Civilização.
Quanto aos ideais que vedes por toda parte, e que são causadores da luta
fratricida que se desencadeia no mundo inteiro, não são mais do que demonstrações
palpáveis do fim de um ciclo apodrecido e gasto, ao qual se seguirá o dealbar
do glorioso dia da raça que prenunciamos. Por baixo de todas essas formas
grosseiras de "salvação", se notam os anseios espirituais do
verdadeiro Ideal da Fraternidade Humana.
Daí o dique tutelar, por nós e poucos mais, construído, para reter as águas
invasoras do materialismo bravio, que ameaça tragar todos os seres da Terra.
Prof.
Henrique José de Souza